Por Larissa Rosevics
“A democracia se fragiliza se perdemos a capacidade de discordar,
a capacidade de tolerância, o respeito às diferenças.
A democracia necessita convivência entre os que pensam
de maneira diferente,
porque para pensar do mesmo
jeito não é preciso uma democracia. Tem de haver
tolerância
do governo e também da oposição.”
José Mujica, 28/02/2014
O
fortalecimento da democracia passa tanto pela regularidade e lisura das
eleições nos países, quanto pelo amadurecimento da arte de fazer oposição. Nem
tudo está certo ou errado o tempo todo. Sem oposição corre-se o risco de ver o
rei “andar nú” entre seus súditos, de que verdades absolutas sejam criadas e de
que os erros passíveis na gestão pública nunca sejam admitidos, muito menos
evitados.
A
oposição tem um papel fundamental de mostrar ao governo quais são os seus
limites, de que a sociedade é feita de opiniões distintas que devem ter seus
direitos de expressão garantidos. A oposição deve ser acima de tudo, uma
defensora da democracia e do bom governo.
Ser
oposição não é fácil. O papel da oposição é o de, mesmo não tendo sido escolhida
pela maioria, garantir que o governo eleito cumpra as suas promessas e
represente efetivamente os interesses daqueles que o elegeram. No entanto, o que
se observa em muitos casos é que os indivíduos (e até partidos) responsáveis
por fazer oposição tendem a uma postura de ser “do contra”.
O
“do contra” ao qual me refiro não se trata do personagem de histórias em
quadrinhos criado por Mauricio de Souza para retratar uma postura comum entre
crianças de determinada idade. Esse comportamento infantil de contrariar a tudo
e a todos pode ser engraçado nos quadrinhos, mas na vida política ele toma uma
proporção bastante diferente.
O
“do contra” ao qual me refiro é aquele indivíduo, ou grupo de indivíduos, que
acha que tudo está ruim o tempo todo, que não admite acertos por parte do outro
e que só vê uma solução para os problemas: acabar com tudo. O “do contra” é intolerante
por natureza, é paranoico e vê na sua posição de oposição a desculpa para
atacar a todos, de ser o elemento desestabilizador sem medir as
consequências dos seus atos. O desejo de destruir a situação faz da posição “do
contra” completamente antidemocrática.
Toda
ação gera uma reação de igual proporção e de sentido contrário, já dizia
Newton. Quanto maior a intolerância da oposição, maior será a reação da
situação. Enquanto isso perde a democracia e perde a sociedade como um todo. E vice e versa.
Sem
oposição não há democracia. As palavras simples do ex-presidente José Mujica
são de uma profunda sabedoria. Mas com políticos “do contra”, também não há.
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